Contos, crônicas e novelas.

sábado, dezembro 27, 2008

Dr. Rodenti

Estávamos na sala, meu abdomen encostado no parapeito da janela, olhando os carros e um grande outdoor de calçados de couro, e meus dois amigos sentados no sofá, com o doutor Rodenti encravado na almofada do meio. Não há nada sobre o mal que não esteja nos meus livros, dizia, enquanto espalmava as mãos, friccionando até extrair algum suor, se há um assunto do qual eu 
conheça absolutamente tudo, esse assunto, minha gente, é o mal. O encarei, sozinho, sem a ajuda de nadie. O sotaque era argentino, outros diziam uruguaio, espanhol, venezuelano. Pouco se sabia no Conjunto Habitacional Circular sobre sotaques. Havia quem já houvesse estado na tríplice fronteira, comprando computadores e porta-retratos eletrônicos em Ciudad Del Este, mas isso não signficava nada em termos de aprendizado sobre as diferentes pronúncias do castelhano. Eu, o pequeno Ivan Cascudo e John Pablo Escobar, cujo rosto era ameaçado por uma genética de criatividade espantosa, cagávamos para a origem do velho. Tinhámos não mais do que 18 anos. Da minha parte, gostava de som automotivo. Cascudinho era um punheteiro doentio. Pablo, até onde eu sabia, não gostava de nada em especial, afora vagar conosco, calado, fumando sem parar seus sky's superlongos, sempre de boné, berma e chinelo de dedo. Quando percebi que o mal não era só uma palavra, rapazes, tinha uma idade aproximada à de vocês, e eu vi o mal, como estou vendo cada um de vocês aqui, e eu juro que ele era simpático. Rodenti vivia sozinho, mais um solitário ali, um dia farmacêutico, um dia casado, então abandonado por mulheres e filhos e toda a família. Ou fora ele que os abandonou, não era certo. O homem nunca fizera questão de solucionar a dúvida que rolava, vagarosamente, entre os condôminos. Às vezes uma mulher jovem aparecia e, dizem, subia até seu apartamento, mas o doutor não a deixava entrar e tinham uma conversa quase inaudível pelos vãos da porta. Não se sabia sobre o que falavam. Eu mesmo nunca presenciei a cena. Comentava-se que era uma amante, uma sobrinha, uma cobradora. Não acreditava. No apartamento havia muitos livros, sim, é verdade. Mas nunca pudemos ver, nem ele nos mostrou, algum dos que dizia ter escrito. Eu conheço o mal por que o mal, essa pessoa, virou meu amigo, frequentou minha casa, me contou sua história e ouviu a minha história, gente, e fiz muitas perguntas a ele, e ele respondeu a todas minhas perguntas com cuidado quase excessivo, falava. Era a terceira ou quarta vez que vínhamos ao doutor. Ele nos dava comida congelada e servia licor de laranja, que guardava em uma garrafa embrulhada em papel alumínio. Não havia taças, e usávamos o mesmo copo de plástico grosseiro. Ele gostava de nos ver beber assim, juntos, como irmãos, e ria. Vínhamos os três por que eu, Ivan e John não sabíamos viver um sem o outro. Não sei dizer o motivo de termos nos tornado amigos. Não acho que tenha motivo nenhum, se é que me entende. Só éramos vizinhos desde a infância. O John eu conheço da época em que a gente passava a madrugada toda sentado no chão do meu quarto jogando mario bros. Depois que roubaram o video-game, ele parou de falar comigo. Só voltou quando sua feiúra começou a aparecer, quando sua estranheza física se tornou tão aparente que as pessoas simplesmente se afastaram. Ainda me pergunto: por que ele se voltou a mim? A cara dele tinha todos os problemas possíveis. Para começar, não havia queixo. Sua boca, uma coisinha pequena, um ânus rosado, quase que encerrava o rosto, aberta e obscena, como a de um deficiente mental. Às vezes, vou dizer, dependendo do ângulo com que eu olhava, se estávamos debaixo de um dos postes do playground, com a luz amarela criando sombras estranhas, parecia que sua boca estava no pescoço. Só imagine uma boca no pescoço, e você vai começar a entender do que eu estou falando. Mas posso fazer uma lista: nariz gordo, com narinas muito abertas, uma testa curta demais, com cabelo ralo tal pêlo de rato, crescendo em tufos já em extinção, olhos caídos e grandes que nunca abriam ou fechavam no mesmo momento, que estavam sempre e descompasso, mãças do rosto afundadas. Cobrindo tudo, a pele avermelhada, descamando por inteira e diariamente com a ação de um produto anti-acne que ele usava desde os 13. Eu achava engraçado, começava a rir e não explicava ao John por que estava rindo, e acho que isso me tornava imune à sua feiúra. Como era o mal, meninos, vocês poderiam me perguntar, como ele se parecia? Era uma criança e tinha aquele sorriso cálido que as crianças confiantes têm, percebem?, disse o doutor Rodenti, e ele vivia gargalhando sozinho, mesmo quando não estava brincando. Ele gargalhava muito alto, súbito, como se estivesse pregando em todos uma surpresa. O Cascudinho, o pequeno Ivan, o Ivanzinho ou Ivanzico, tinha parado de crescer lá pelos 16 anos. Tomava hormônios com a esperança de que um dia ao menos tivesse barba, coitado, mas o pouco desenvolvimento nunca o afetou. Era um moleque virado, teve seus momentos com a galera do bloco 4, tipos como o Caroço ou o DVD, que não demoraram a ganhar fama de ladrões e craqueiros, que viveram seus momentos de glória na metade da adolescência e que já estavam presos ou mortos ou crentes, de qualquer maneira apaziguados, e o Cascudo era tão esperto que anteviu esse apaziguamento forçado que sofreria e, da noite para o dia, voltou a interfonar lá em casa para fumar um baseado tranquilo na Casa da Árvore. Falávamos de mulher e de punheta. Cuspindo e fanho como era, metralhava sem parar, já com a brisa na cabeça, técnicas e experiências da masturbação frenética que praticava. Eram ao menos três por dia, dizia. Ele gostava de bater punheta na mesa de jantar, na aula de física, quando era escalado de quarto zagueiro no campo semi-profissional da E.E. Ulisses Lima, olhando ou pensando na irmã, mãe, tia, colega de sala, em bocetas de vacas e de celebridades internacionais. Ele batia punheta com as duas mãos, com dois dedos, com um dedo enfiado no cu, segurando o saco, apertando bem forte os próprios testículos, tinha até já tentado o uso de frutas. Também me contava que tinha um tesão especial com o destino de seu sêmem. Carteiras escolares, cortinas da sala de aula, calcinhas de parentes, mouses, latas de refrigerante fechadas, sanduíches, maçanetas. Todos empesteados pelos espermatozóides agonizantes. Um dia o Cascudo teve uma coleção de revistas e filmes pornográficos que o tornaram popular, mas hoje estava tudo no computador, na internet. A coleção, teve a incrível idéia de doar para a biblioteca da escola _que, ainda mais incrível, aceitou. O que eu respondia a esses relatos banais da mais pura intimidade? Eu falava de som automotivo, do que é possível fazer com subwoofers e potências e caixas e graves, da relação entre cada uma dessas peças, de que tipo de música é aceitável para cada modelo, lhe explicava a destruição provocada por um sony e minhas teorias sobre os pioneers e sua altíssima fidelidade à midia, falava sobre mídia e encontros de sons automotivos, sobre as gostosas de biquini desses encontros e das explosões de pára-brisas, da força das ondas. Dávamos risadas, os olhos trincados, e enrolávamos outro. Meninos, vocês conhecem a bíblia? Nem eu. Mas lá está escrito, em algum lugar, que o mal não é o agente da desgraça, e sim que ele é o facilitador da desgraça. Ele a torna possível, sem nunca precisar operá-la. Eu sei disso mesmo sem ler a bíblia por que eu conheci o mal, percebem, minha gente? O menino, essa criança da qual estou falando, ele fazia com que o mal acontecesse, ele tentava os outros e conseguia que esses outros praticassem o mal. Ele, com uma mãe que claramente estava ali apenas para agenciar seu próprio filho, para facilitar a entrada do Facilitador na vida dos outros, mostrava-se só uma criança no início, uma criança tão inteligente que alguém poderia confundi-la com um prodígio, muito curiosa, falante, que contava aos outros detalhes de suas experiências infantis e abria os ouvidos com muita graça para ouvir as experiências dos outros também, percebem? Um menino magnético, sabem do que falo? E aos poucos ele se mostrava. Foi a punheta de Ivan que nos levou ao doutor Rodenti. Sentados sobre o muro baixo do grande estacionamento, Ivanzico disse que o velho tinha uma antiga coleção de vinis pornôs. O que eram vinis pornôs, eu e Johnny perguntamos. Ah, falou Ivan, são umas mulheres que ficam dizendo o que tão fazendo, tá ligado, "Feu folho para seu pênis efeto e o foco com a ponta do meu fedo", haha, falou o Ivan, o cara mais fanho que já conheci, imitando como seria a voz da narradora. "Eu firo seu pênis da fermuda e o coloco in-fei-ro na boca", hahaha. Rimos também. Aquilo era engraçado. Com ele dizendo ficava mais engraçado ainda. Não conseguíamos parar de rir. Perguntei: quem se excita com isso, e os dois ficaram calados. Logo Cascudinho disse que havia pego dois desses discos. Ao devolvê-los, o doutor não queria que ele fosse embora. O doutor queria falar, disse Ivan. E falou durante ao menos duas horas a um Ivan que, na verdade, queria é voar dali, quem sabe chegar em casa e se trancar no banheiro. Mas foi difícil escapar, e ao final desse tempo, em que, segundo disse o Casca, o velho contou apenas histórias estranhas que estavam em seus supostos livros, Rodenti disse obrigado e lhe pagou cinquenta pratas. Dinheiro. Por ouvir alguém falar. Com direito a licor de laranja e lasagna de molho branco. Casca nos disse, sentado no muro, que voltou algumas vezes para ouvir o gringo delirar e ganhar cinquenta pratas e que, na última delas, ele lhe perguntou se, por acaso, o Ivan não conheceria alguns amigos que também gostassem de ouvir histórias de um farmacêutico aposentado. E fomos, é claro, porque tínhamos 18 anos e nada na cabeça. O que eu conto aqui é a boa e antiga coisa do demônio, falou o doutor. Sobre suas faces. Por que seria diferente? As pessoas enjoaram desse jeito antigo de falar do mal. Elas querem que ele tenha rostos desconhecidos, querem que ele seja assim, comum, qualquer, querem que o mal seja portanto um mistério. Mas o mal não é misterioso. Quando ele está perto, você sabe. E quando ele lhe tenta, você pensa: "O mal está me tentando", e isso não impede que a gente caia na tentação, rapazes. Por que se tem uma coisa verdadeira sobre o mal é que ele não pode ser detido com a cabeça. Estava com meu abdomen ainda encostado no parapeito da janela, e observava duas pessoas, duas mulheres, acho, que entravam num monza marrom, havia uma senhora gorda correndo e cachorros se cheirando timidamente. Uma cena na periferia de São Paulo, minha consciência perdida no reino da banalidade. Pois então, essa criança espantosa, que com a mãe mudou-se para o lado de casa, e que passou a frequentar minha casa, que era ainda a casa da minha própria mãe, ela e suas gargalhadas súbitas gostaram de mim. Como eu disse, se tornou meu amigo. Um adulto amigo de uma criança. Ele chegava em casa quando não havia ninguém, sozinho, talvez trazendo sua solidão para meu quarto. E falava e me inquiria sobre os mais diversos assuntos. Me chamava de amigo, um adulto que era amigo de uma criança, uma criança que não tinha menos do que sete anos, talvez cinco, e que só aceitava conversar comigo se estivesse no meu colo, com seu corpo como que de... brinquedo sentado sobre o meu colo. O meu colo, gente. Comecei a ter medo, eu, um idiota de 18 anos, uma cabeça esburacada, escapando ar, fazendo água, naufragando. Dava pulos com suas gargalhadas, olhava fixamente seus dentes, para seus olhos, e esse meu olhar fixo era... vocês sabem do que eu falo?, sentir que não é possível parar de olhar para algo até esse algo se tranformar em outra coisa?, em uma idéia, em um sentimento, em uma memória, e essa memória criar uma viagem estranhíssima, como a de um sonho, sem que a gente esqueça que estamos acordados pensando no fato de que estamos sonhando e no quão isso é estranho, e nesse pesadelo nosso objeto fala conosco, nos dá ordens, entendem?, e foi a partir daí que eu comecei a pensar que se sentir hipnotizado pelos olhos e pelos dentes de um menino de seis anos, ou coisa que o valha, que isso não era normal, que o menino não era normal. Isso não é normal, eu pensava. Esse menino está escondendo algo, percebem? Seu corpo esconde algo horrível, podre, há coisas dentro dele que não parecem ser o que são. E entender que alguém lhe esconde algo é o primeiro prenúncio da presença do mal, isso eu escrevi num dos meus livros, vocês podem ler, essa frase exacta. Casca olhava para o teto, as pernas apoiadas num pequeno tamborete na frente do sofá. John Pablo chupava as unhas, as costas curvadas para a frente e uma veia saltada na testa curta. Tinha medo do menino, alguém incapaz, fisicamente incapaz, digo. E temia os momentos em que ele chegaria, tinha medo do relógio e do meio da tarde e de sua bundinha esquálida, nada mais do que um envoltório de algo bem diferente do que chamamos de comum. Eu sabia que era ele que chegava pela maneira que tocava a campainha, vários toques ininterruptos, aflito para me perturbar, para me tentar, de que outra maneira posso dizer? Casca me olhou, eu olhei para o Pablo, Pablo olhou para mim e depois para o Casca, que estava olhando para ele no mesmo momento. Casca se levantou e olhou as estantes e interrompeu o velho perguntando onde estava esse livro da tal frase exata mas o velho, ainda pressionando as mãos com força, o bigode rodeado de gotículas de suor, a barriga deformada pela gordura, queria falar, fazer valer as 150 pratas que gastaria conosco, com seus jovenzitos, como dizia. Jovenzitos, meus jovens, minhas crianças, falou, com uma voz pastosa. De que outra maneira eu posso dizer? Aquele menino queria que eu fizesse coisas com ele. Quando vemos na TV a história de que um homem foi com um menino, o que pensamos? Que esse homem, sempre um ser solitário, é um monstro abjeto e degenerado, que ele manipulou um ser pouco desenvolvido para introduzir-se em seus oríficos e com isso ter um prazer simples, brutalmente simples, brutalmente covarde. Pensamos na iniquidade e na complexidade, e que deus não nos fez iníquos ou simples, e que por isso devemos respeitar sua suprema ordem divina e incorpórea da busca da justiça e da dúvida. Pensamos no sexo e na indissolúvel vontade que o envolve, e pensamos que o sexo com alguém pouco desenvolvido destrói qualquer possibilidade de escolha ou de vontade, pensamos que o sexo com crianças não é sexo, é violência pura e infinita, o Inferno. E o que dizem os malfeitores? Dizem que foram tentados, só isso, candidamente, ainda mais terríveis. Agora, com toda a humildadverdad que tenho comigo, com a minha alma, vou perguntar: e se, pelo menos uma vez, esses homens que vão com meninos tiverem razão, falarem a verdade? E se aquele tachado de repulsivo estiver seguindo ordens? E se o mal se alastrar de um, digamos, pólo ativo, mais forte, em direção a um pólo passivo, mais fraco? E se a detestável desigualdade e a odiosa manipulação for produto da criança, e se essa criança estiver preparada, for antiquíssima? E se uma criança não for uma criança?, esse é o meu ponto. Sem cinismo, sem ironia. Eu quero tentar ser completamente aberto aqui, falar de igual para igual, dizia abrindo os braços, só buscando um ponto de vista diferente, minha gente. Jonh Pablo Escobar, o rapaz feioso do bloco 1, se levantou. Eu olhei para ele, que olhava o velho, e o Ivan Cascudinho, o rei da putaria, também olhava o velho, e por isso eu também olhei o velho. Aquele menino queria que eu fosse com ele, disse o doutor, ele ria no meu colo e me apertava e dizia que éramos melhores amigos. Eu sabia. E pensei: "Se eu sei que isso é o mal, o mal já não está em mim", pensei: "Basta compreender o mal para já praticá-lo?", pensei: "Então essa é maior tentação"? Aquele menino gargalhava e se apertava no meu colo, crianças, no meu colo. Ivanzico falou Ah, tio, vai se fuder, e começou com um chute no queixo que silenciou Rodenti. Pablito, com alguma calma até, esperou sua vez e afundou seus pés calçados de sandálias no peito do homem. Eu fui mais radical e joguei, sem pensar, a garrafa de licor de laranja na testa, onde um ponto de sangue começou a escorrer, grosso e escuro. Inspirados por mim, John e Casca pegaram duas cadeiras de madeira que estavam à mão e, alternadamente, as bateram contra a cabeça e o pescoço do doutor, do velho doutor Rodenti, careca, gordo, aposentado. Nenhuma das cadeiras quebraram, e por isso eles repetiram os gestos, mirando também nos braços e nas pernas, até uma das cadeiras se partir em três. Pablo pegou um desses pedaços e me deu. Eu peguei esse pedaço e tentei enfiar com um golpe na boca do velho. Senti alguns dentes se partirem e algo mole se rasgar. Ao mesmo tempo, Ivan o tirou do sofá com um puxão. Ele caiu no chão e em torno dele se criou uma poça de sangue. Não dava para saber de onde o sangue vinha. Daí Casca deu um pulo bem alto e martelou os dois pés juntos nas costas do homem e surgiu um barulho engraçado. Eu repeti seu gesto, e o John Pablo também, e também surgiram barulhos engraçados. John tentou levantar o sofá e jogar em cima do velho, mas não conseguiu. Cascudinho tirou sua camisa e começou a chutar a cabeça de Rodenti. Eu tirei minha camisa e Escobar tirou sua camisa. Todos sem camisa, começamos a chutar diferentes partes do corpo imóvel no chão e a dar pisões em suas mãos. Peguei o telefone preto que havia na sala, me agachei e passei a batê-lo contra a cabeça, até ela se partir como uma fruta. Senti que estava batendo contra uma fruta e parei. Pablo tentava virar o joelho esquerdo ao contrário, mas não conseguia. Casca foi à cozinha e pegou uma faca de cabo de madeira. Deu a primeira estocada e parou. John pegou a faca de sua mão e deu várias estocadas e parou. Eu percebi que estava com a roupa cheia de sangue e parei. Olhamos, posso dizer, durante mais de cinco minutos o que havia no chão. Estávamos suados e com as mãos na cintura. Pegamos alguns vinis pornôs, um ou dois livros grossos, e saímos. 

    

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