Contos, crônicas e novelas.

terça-feira, agosto 28, 2007

Breve peça estilística cuja história é difícil de discernir

A cara é comprida - procuram-se maxilares e vêm bocas, narizes e longos olhos azuis que transbordam vapor quando o animal começa. Foi um rompido do lado de lá do portal de metal retorcido. Estilhaça a estrada, seus cantos em raspadas contínuas e penetrantes e chega, oco, opulento descarregar esférico denso rodopiando em curtas curvas. O cão arrepia-se pouco antes de explodir em direção contrária e incerta. Tem pêlos grossos que armam vôo para trás, uma teia presa ao dorso que rasga o elétrico à sua volta. Ele foge. O que deixa continua a rugir e a querer saber qual o próximo espaço a ser ocupado. Mesmo ao ir embora, não há garantias de que a surpresa desconheça seus pequenos destinos. Esconde-se em negativos contruídos e pesquisa ares de plástico, cera e borracha. Há cinzas por toda parte que forram todas as partes, sobre elas crescendo. Mesmo nas construções, mesmo no ar aditivado. As patas se batem e as abas pendem antes dele ver-se encaixotado contra o que das paredes brotou: peças antigas de instrumentos inutilizados, manchadas, prateadas (paralamas, aros, espelhos, placas) . Faróis de centenas de brechas para ali direcionam-se e cada lâmina brilha e dança em pinceladas que em profundos vapores desvanecem.